quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lucidez

É olhar longo,
continuo e fixo
diante de algo para nada.

O andar é zonzo,
lento, arrastado,
sem ponto de partida... sem chegada.

É paladar amargo,
docemente azedo,
liquido, sólido, sem distinção nenhuma.

O passo é curto,
dentro de um estreito.
O suspiro se confunde
e a respiração se ausenta.
O cheiro... tudo inodoro.

Ouço, mas
é silêncio, tudo quieto...
e mantém-se quieto.

Se perde ou se encontra,
não há busca, não há fim,
não há infinito,
sem tempo, nem momento.

A Verdade

Me indicaram um monte,
tipo aquilo, aquela coisa,
mas eu tô afim e ouvindo Clarice, Moska, meio assim,
meio sei lá... meio bêbado.

Eu só sei que acabou e a escolha foi minha,
foi decisão, não houve impedimento,
então eu fui:
errado, certo.

Fui...

E daí eu sou, estou, simplesmente,
complexamente
impossível de interpretar corretamente.

São eles do meu lado,
são eles do seu.
Sem guia:
segue.
Você,
então ouse o que quiser.
Faça, então, o que der.
Vá, porém, para onde propor.

Essa é o que é...
é o que quiser,
é o que der,
é o que propor.

Sua disposição,
convicção,
opinião.

Eu sei lá,
sou senão
mentira.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Então é isso

E então,
não foi apenas outro anoitecer.
Era e houve um anseio que me acometeu,
o rotineiro me atrapalhou, isto ainda é certeza.

Mas o diverso me encantou cada vez mais.
Por estradas, vias e ruas, eu caminhava pela emoção.
E entre seus dedos,
o encanto tecia em sua palma da mão o meu senso.

Atentei-me, pois seus olhos me traziam vícios,
e uma fugacidade que me consumia.
Mas a velocidade de tudo não me agradava.
Necessitava da lentidão, e em seus sentimentos...
você quis densidade.

Eu quis o que foi,
o agora...
o após.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Então que seja pouco

As coisas estão erradas.
Foram feitas erradas...
e eu estou tentando concertar.

Mas é difícil, e acho
que a forma de concertar é dar espaço
e continuar caminhando...

O fato é que eu tive que decidir, agir, e escolher
em coisas que eu não sabia como,
tão pouco como me posicionar - utilizaram disso, mesmo que sem querer.

Não está funcionando,
porque eu queria que fosse calmo,
eu queria que se resolvesse.
Mas eu tenho que entender, não será
de um dia para o outro...

Não é questão dela,
não é questão de outra...
foi de acordo com a perspectiva que se tinha.

E então...

Foi sentido, foi assumido, agido, e consentido também - quis-se assim.

Furto então, aquelas palavras para me superar, buscar calma no eu, e deslumbrar além...
Pois:
Foi,
siga,
sem pressa.
Acredite vai chegar.

Aonde?

Eu não posso precisar,
mas o que posso dizer,
é que vai chegar!

Um dia em cada lugar,
então...
experimente
o lugar de cada coisa
até que chegue o novo lugar,
e quando chegar e ele deixar de ser novo...
vá para outro.

Esta é a beleza de chegar,
não é vazio,
é cheio de cada lugar - antes passado -,
carregado de bons, ruins, tristes e felizes.

Quando se respeitar o lugar como passageiro,
sentará-se no banco certo,
e seguirá...

Tem dias que vai estar sol no banco e vai fazer muito calor,
outros, o lugar vai estar congelando pro ar...
e terá o dia do equilíbrio,
nem muito calor nem muito frio.

É assim [...],
é pouco, mas é tudo que sei sobre viver.